Conheça Isaac Feitosa, 24 anos, Maceió Alagoas. Ator
Consumo artístico: Fale um pouco sobre você profissionalmente...
Isaac Feitosa: Comecei a fazer teatro em 2002 quando fundei, junto com os atuais integrantes, o meu grupo, a Cia. do chapéu. Na mesma época entrei para o curso de formação do ator, na universidade federal de alagoas (Ufal). Com o grupo, fazíamos exercícios teatrais de improvisação, laboratórios, jogos etc. no centro da cidade todas as manhãs de quintas feiras. No mesmo ano, montamos nosso primeiro espetáculo, o "Apesar de você...”.
O texto é de Thiago Sampaio e Amanda Danielly e tratava sobre as nossas escolhas. Para onde nossa escolha nos leva. No espetáculo, participei como assistente de direção e sonoplasta.
Com ele participamos de eventos aqui no estado e alguns festivais, incluindo o extinto FENETEG - Festival nordestino de Guarabira, na Paraíba.
Depois disso participei de espetáculos com outros grupos, como O mágico de OZ, pela Cia. Falange Teatral, onde fazia o Leão Covarde e Eu sei que vou te amar, pelo mesmo grupo. Neste último, participei da produção.
Nesse período, com a Cia. do chapéu, comecei a desenvolver experimentos com a intervenções urbanas em ônibus coletivos. Uma experiência que fez o grupo voltar a sua origem, já que estávamos novamente fazendo teatro na rua, em espaço alternativo. Também desenvolvi trabalhos com teatro-empresa, como esquetes, performances e promoções. Dentre estes, cito o espetáculo de rua Pafinha das calçadas, onde fomos contratados pela SETURMA - Secretária de Turismo de Maceió, para montar uma performance sobre o jaraguar (bairro boêmico. Centro histórico da cidade). Foi então que montamos esse musical cômico, que conta a história de Pafinha, uma folclórica prostituta que trabalhava no bordel mais famoso e antigo daqui, o Tabarís.
Atualmente, além de atuar em Alice!? , estou num processo de montagem de um espetáculo de dança.
Consumo artístico: Maravilhosa trajetória, me conta, alem do palco, vocês levaram o teatro pra ruas, pro cotidiano das pessoas, como foi essa idéia, com que intuito vocês vão pra rua contar história?
Isaac Feitosa: bom, nosso processo com a rua se dá da seguinte forma: trabalhamos com elementos do teatro invisível. As pessoas não têm idéia de que estão vendo teatro. O que me instiga, particularmente, nesse contato é perceber a reação das pessoas ao que é extra-cotidiano. Eu comecei a fazer teatro de forma adversa à maioria das pessoas. Não tive esse primeiro contato num curso, numa sala apropriada e sim já na rua, com e para esse público "desavisado". Então o meu intúito e de intervir mesmo no espaço
Consumo artístico: qual sua relação com o teatro, de que forma vocês se relacionam , diz como se fossem um casal, ela é sua paixão?
Isaac Feitosa: Bom, é a forma mais exata que encontrei para exprimir minhas sensações. Colocar pra fora. Diria que o fazer teatral para mim é uma questão de necessidade.
Consumo artístico: isto acontece quando amamos de verdade algo. Quais foram as maiores dificuldades que você teve que passar pra iniciar a carreira de ator?
Isaac Feitosa: As que qualquer pessoa de teatro tem: falta de espaço para ensaio, falta de incentivo financeiro. Secretarias que não apóiam projetos, empresas menos ainda... Esses fatores
Consumo artístico: pra finalizar gostaria que você falasse sobre "Alice!?”, e sobre novos projetos que vem ai pela frente?
Isaac Feitosa: Alice!? o processo começou em agosto de 2006, quando JOnatha Albuquerque e Tácia Albuquerque, meus companheiros de grupo, decidiram retomar um processo em cima da obra de carroll. Convidaram Thiago Sampaio, outro integrante do grupo, para dirigi-los. A idéia inicial era montar o espetáculo com os dois atores. Tacia seria Alice e junta entraria em cena com as outras personagens. Com o decorrer dos ensaios, sentiu-se a necessidade de uma contra-regragem, eis que eu fui convidado para ser esse terceiro elemento no espetáculo. Nos ensaios, com o meu envolvimento, logo a idéia inicial foi desvirtuada e Thiago, o diretor, decidiu então dividir as personagens entre Jonatha e eu.
Eu entrei em outubro. Fizemos a preparação corporal durante meses, para, só depois dessa etapa começamos a distribuição e criação de personagens. quanto às cenas, optamos pelo caminho inverso ao tradicional, onde toda a encenação é criada partindo do texto. Listávamos as ações a serem executadas em cada capítulo do livro e partíamos para improvisações nos ensaios. Os textos mais repetidos, nas nossas improvisações eram escritos e permaneciam na cena. E assim o espetáculo foi sendo construído. Todo a partir da improvisação.
Uma curiosidade dessa montagem é que todo o material cenográfico foi criado por nós. Quem assina a direção de arte é a nossa Alice!?, a Tácia Albuquerque. E é executada por mim e por ela mesma.
Cena da peça "Alice!?" fotos : Renata Voss
Consumo artístico: que maravilha, fico feliz por ter talentos assim, a pena que escondidos por ai, e não temos oportunidade de desfrutá-los, a ultima agora... Deixe uma palavra de incentivo à cultura! Pode ser?
Isaac Feitosa: acredito que a arte seja o meio mais completo de comunicação entre duas ou mais pessoas, sendo assim ela se faz imprescindível para o desenvolvimento de todo e qualquer indivíduo. Só com o acesso a cultura se consegue romper cânceres como o preconceito na medida em que o homem passa, através desse acesso a entender a si mesmo, aos outros e, consequentemente às diferenças, compreendendo-as como... parte de um todo.
Isaac Feitosa : "Só com o acesso a cultura se consegue romper cânceres como o preconceito ..."
Consumo Artístico, por : Juh Amaral